
A falência está batendo à porta de mais de 30 mil pessoas que vivem na zona rural de Conceição do Coité e atuam na lavoura do sisal, na agricultura familiar e na criação de bovinos e pequenos animais, devido à seca que assola o município, que conta com 64 mil habitantes.
A falta de trabalho, sisal murcho, motores parados, pastos dizimados, tanques, aguadas, açudes, cacimbas, riachos secos e animais mortos pelas roças, levaram o prefeito Renato Souza, a decretar Situação de Emergência e suspender o Coité Folia (micareta local), que estava previsto para acontecer de 27 a 29 de abril, levando em consideração o agravamento climático na região.

A situação só não é mais crítica por que 9.500 famílias de baixa renda são cadastradas no programa Bolsa Família, outros são aposentados e 2.200 agricultores estão sendo beneficiados com o Seguro Safra”, explica o prefeito Renato Souza afirmando que o quadro é de absoluta tristeza.

Souza informou que estão sendo adquiridos pelo seu governo, 2.500 cestas básicas que serão entregues as famílias necessitadas e foram injetados R$ 250 mil na limpeza de 40 aguadas e foi feito um novo processo licitatório para a recuperação do restante das represas.
O secretário de Agricultura do município, José Mário disse que a água que abastece as comunidades afetadas pela seca vem dos açudes de Ipoeirinha (Coité) e Cedro (Riachão do Jacuípe).

O secretário garante que todos os mananciais estão secos e a administração municipal, de forma organizada, tem atendido toda a população. José Mário disse que vem tentando junto a Cerb a reativação dos poços artesianos existentes no município, mas sem êxito.
O proprietário de motor de sisal, Elias José dos Santos, 38 anos, casado cinco filhos, morador da comunidade de Macambira na região do distrito de Salgadália, disse que já chegou a desfibrar mais de 2 mil quilos de sisal por semana e agora com o sol inclemente não existe a mínima condição de desfibrar as folhas . Ele disse que não sabe exatamente quantos motores estão parados, mas garante que são muitos e esses números devem chegar a 90% de sua totalidade no município.

A aposentada e descendente de escravos, Aureliana Maia de Oliveira Copa – Tia Nininha, 87 anos, moradora da comunidade de Maracujá disse que em 1932, ainda pequena, foi obrigada a deixar o lugar em que moram hoje, em busca de trabalho nos canaviais no recôncavo baiano, para não morrer de fome. Ela afirma que a situação de agora só não é pior porque a prefeitura tem ajudado as famílias necessitadas. “Não sei o que seria de nós neste momento tão difícil que a região atravessa por falta de chuvas, se não fosse a distribuição de água potável o quadro seria mais crítico ainda. Já cansei de sair de madrugada e ir a pé até o distrito de Juazeirinho a 10 km, em busca de uma moringa de água que trazia na cabeça debaixo de um sol escaldante de meio-dia” explica.
O lavrador Erisvaldo da Silva Pinto, seis filhos, morador da localidade de Cavalo Morto, disse que anda todos os dias quatro quilômetros em sua carroça para pegar uma dorna de água barrenta na comunidade de Quixaba.
O criador Hamilton Lopes do Carmo disse que a seca no município está terrível por conta da alta temperatura que assola a região e diz que a estiagem é iminente e costuma deixar rastro e prejuízos principalmente para os menos favorecidos. “Tenho uma propriedade no distrito de Juazeirinho e o mandacaru só dá para essa semana. Uma caminhonete do cacto custa R$ 50,00 e diante da circunstância e do tempo, a ração subiu consideravelmente.
A torta de algodão, que é uma alimentação básica para gado leiteiro pulou de R$ 35,00 para R$ 43,00 a saca de 50 quilos, enquanto o milho se mantém estável R$ 35,00 – e o farelo de trigo saiu de R$ 13,00 para R$ 18,00. A alternativa de alimentação para os animais tem sido a raspa da mandioca, com pó de sisal e farelo de milho ou trigo”, explica.
Fonte: Tribuna da Bahia
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